domingo, 31 de janeiro de 2010

Vem brincar comigo

Vem brincar comigo

A melhor brincadeira para o pequeno é aquele em que os pais também estão por perto; não importa se é rolando na grama do quintal ou com a guerrinha de travesseiros no quarto

Muitos autores já escreveram coisas bacanas sobre a importância das brincadeiras na infância e estou certa de que muitos pais já leram ou ouviram falar desse tema.

É brincando que as crianças vão dramatizando e entendendo o que é ser adulto. Aprendem como a sociedade funciona e espera que ela se comporte. Assim, testam regras, conceitos, leis, etc. As crianças fazem da brincadeira o seu portal de aprendizado.

Os pais que não sabem como brincar com os filhos, ficam receosos de não estar realizando uma atividade pedagogicamente adequada ou por não conseguirem entrar no mundo do faz de conta. Ficam preocupados quando percebem nas brincadeiras dos filhos atitudes de ferir ou matar o outro. No entanto, as brincadeiras também desempenham um papel importante no alívio da agressividade, presente em todos nós. Brinco muito com meus filhos de tiranossauro rex. Acho fantástico quando eles me transformam ou se transformam nesse dinossauro feroz. Saímos aos gritos pela casa e da mesma forma fantasiosa que eles me matam, beijam-me carinhosamente felizes com a brincadeira.

Os filhos adoram que seus pais brinquem com eles. Pode ser qualquer uma, desde que os pais estejam presentes neste universo e não a espera do noticiário, do e-mail ou de algum adulto que venha necessitar deles.

Sabemos que nossa vida é cheia de eventos importantes que necessitam da nossa atenção. Por isso, os momentos junto aos filhos precisam ser desejados e não um compromisso com hora para começar e terminar!

Brincar também deve fazer parte da nossa vida. Quando passamos pela infância, sabíamos bem a delícia que era brincar. Depois da infância veio o quê? O fim da brincadeira. Que chato, hein?

Se você deixar a fantasia fazer parte da sua vida também poderá se beneficiar dela. Imagine fazer das pessoas e fatos que te incomodam uma caixa de marimbondos grudada na sua janela e bolar um plano infalível para retirá-la dali sem ser picado. Eu não consigo imaginar ninguém melhor do que seu filho para te ajudar nesse plano, concorda?

A necessidade de brincar é prerrogativa das crianças, mas não só delas. Podemos brincar à vontade, não é mesmo? Brincar enquanto estamos dirigindo, imaginando que somos um ser alienígena que não entende porque os carros não acionam um botão e começam a voar. Brincar que somos o Tio Patinhas e que decidimos abrir o cofre e fazer um montão de coisas bacanas com aquele dinheiro.

Enfim, se deixarmos o Pequeno Príncipe que mora dentro de nós conversar conosco, estou certa que pelo menos nossa vida será recheada de maravilhosas gargalhadas. E os momentos de brincar com nossos filhos serão ansiosamente aguardados por papai, mamãe e filhinhos!

FONTE: Por Antoniele Fagundes - Guia da Semana

domingo, 17 de janeiro de 2010

Sonho de uma noite de verão - Adaptação

Personagens:
Teseu – presidente da rede de hotelaria Olimpus
Hipólita – noiva de Teseu
Demétrio – gerente do Hotel Fazenda Monte Olimpo, apaixonado por Hérmia
Lisandro – gerente do hotel concorrente
Hérmia – apaixonada por Lisandro
Helena – amiga de Hérmia, apaixonada por Demétrio
Egeu – pai de Hérmia, diretor da rede de hotelaria Olimpus
Filóstrato – assessor de Teseu
José Cunha – secretário de entretenimento
André Chaleira – auxiliar do secretário de entretenimento
Antonio Justinho – recreador
Pedro Fundilho – recreador
Carlos Flauta – recreador
Luciano Faminto – recreador

Cenário – Sala da presidência e Hotel Fazenda Monte Olimpo




Primeiro Ato
Cena 1
Rio de Janeiro, sala da presidência da Olimpus Hotelaria. Entram Teseu, Hipólita e Filóstrato.


Teseu – Meu amor, em breve seremos marido e mulher.

Hipólita – Não vejo a hora, querido.

Teseu - Filóstrato, está tudo nos conformes para a cerimônia?

Filóstrato - Sim, senhor Teseu. Ontem mesmo chequei os últimos detalhes com o bufê e com o juiz de paz. No hotel fazenda também está tudo em ordem. À propósito, Dr. Egeu o aguarda lá fora.

Teseu – Ora, ora, por que não falou antes? Mande-o entrar.

Entram Egeu, Hérmia, Demétrio e Lisandro. Todos se cumprimentam.

Egeu – Teseu, meu caro, preciso da sua ajuda. Desde a época da faculdade que você sempre foi muito sensato nos seus conselhos, principalmente os do coração que tantas peças nos prega.

Teseu – Você sabe que pode confiar em mim. Vamos, Egeu, diga qual é o problema.

Egeu – Como vocês sabem, Hérmia e Demétrio namoram desde a festa de debutante dela, tudo com o meu consentimento. E vocês também sempre souberam da minha admiração por ele. Eu o trouxe para estagiar no grupo, ensinei tudo o que eu sabia sobre hotelaria e atualmente ele é um dos nossos melhores gerentes.

Demétrio – Imagina Dr. Egeu, eu...

Teseu – Sem modéstia, meu filho. Você está fazendo um ótimo trabalho, vai subir rápido no grupo.

Demétrio – Obrigado Dr. Teseu, eu...

Egeu – Você acredita, meu bom amigo, que essa desmiolada da Hérmia, terminou o namoro com Demétrio e está ficando com esse rapaz aqui, o Lisandro. E tem mais! Ele é gerente de um dos hotéis da concorrência.

Hérmia – Eu gosto dele de verdade, pai. E ninguém pode mandar no meu coração.

Lisandro – Meu sentimento é sincero, Dr. Teseu, e não tem nada a ver com trabalho ou concorrência.

Demétrio – Meu amor, vamos esquecer o nosso pequeno desentendimento e colocar uma pedra nesse assunto. Volte pra mim e vamos deixar tudo como antes. Nós estávamos tão bem, tão apaixonados.

Hérmia – Pai, Dr. Teseu, tentem entender, Lisandro é uma boa pessoa e eu já sou maior de idade, posso fazer as minhas próprias escolhas, estamos no século XXI.

Teseu – Você já ouviu falar de espionagem nas empresas, Hérmia? Realmente isso eu não vou admitir. A concorrência é acirrada nesse ramo, ainda mais agora que o Rio vai sediar as Olimpíadas de 2016. Para a Olimpus Hotelaria será uma questão de honra, afinal foi na terra dos meus pais que os jogos começaram e de lá alcançaram o mundo. Ah, que saudade da minha Grécia...

Hipólita – Querido, vamos ter muitas oportunidades de ir à Grécia depois de casados. Aliás, estou tendo uma ideia maravilhosa. Nesse feriadão estaremos todos juntos no hotel fazenda que o Demétrio brilhantemente dirige, que tal se convidássemos o Lisandro?

Egeu – Levar a concorrência para dentro do nosso hotel fazenda? Que absurdo! Não posso admitir.

Teseu – Tem alguma coisa de errado nas contas do hotel? Algum problema com a fiscalização?

Demétrio – Não, Dr. Teseu, imagina. Tudo está na mais perfeita ordem, como deve ser. O Hotel Fazenda Monte Olimpo segue a lei.

Teseu – (Para Lisandro) Então está resolvido. Lisandro, você vai passar o feriadão conosco. (Para os outros) Se ele se aproximou da Hérmia com interesses profissionais, logo perceberei, tenho tino para isso.

Hipólita – É verdade! (Abraçando Teseu) Meu Teseu parece ler a alma das pessoas.

Teseu – Está resolvido. Hérmia, convide Helena também, em breve espero fechar um grande negócio com o pai dela. E levem o biquini, a previsão do tempo deu sol forte nos quatro dias. Faremos nossa despedida de solteiro na 5ª feira e, no domingo, oficializaremos a nossa união com uma linda cerimônia ao ar livre.

Egeu – Não gostei dessa ideia. Contudo, se você tomou essa decisão, penso que talvez seja o melhor, teremos mais tempo e muita calma para resolver a situação.

Hipólita – Podemos ir almoçar agora, querido?

Teseu – Claro, meu bem. Egeu e Demétrio resolveremos aquele outro assunto durante o almoço. Vamos então?

(Saem Teseu, Hipólita, Filostrato, Egeu e Demétrio.)

Lisandro – Hérmia, querida, você está pálida, sente-se um pouco. Eu disse que não era uma boa ideia marcarmos aqui. Acabamos encontrando com o seu pai e com Demétrio. Ficou uma situação estranha.

Hérmia – Eu achei que eles estivessem no congresso do hotel da Barra. E Helena que ainda não chegou?

Lisandro – O que faremos agora? Devo passar o feriadão com vocês?

Hérmia – Seria uma grande oportunidade de papai conhecê-lo melhor. Tenho certeza que ele acabará cedendo e pode até te chamar para trabalhar no grupo. Mas se recusar a ir, ele vai achar que você quer esconder algo e pode piorar tudo para o nosso lado.

Lisandro – Não tenho ambições quanto a questões de trabalho, meu amor. O que me interessa está bem diante dos meus olhos. Uma pena que não vamos nem ter oportunidade de aproveitar, com seu pai nos vigiando o tempo todo. Que tal se a gente fugisse à noite para a cidade vizinha? A gente curtia e voltaria tão cansado que dormiria até tarde, evitando seu pai e o Dr. Teseu.

Hérmia – Ah, que solução ótima! Parece que haverá uma micareta nesse feriadão. Ao anoitecer eles gostam de jogar cartas e tomar uísque, ficam tão entretidos que nem notarão a nossa ausência. Aviso ao papai que estou com dor de cabeça e me deitarei mais cedo e a gente foge. No hotel fazenda tem um bosque lindo, ele já existia quando construímos e aproveitamos esse presente da natureza. Você deixa seu carro do outro lado do bosque, a gente se encontra lá e quando sairmos, eles nem ouvirão o motor do carro.

Lisandro – Esses 4 dias passarão voando e a gente vai curtir muito. Olhe, Helena está chegando.

Helena – Desculpe o atraso, mas o trânsito está horrível. É essa obra do metrô que nunca acaba! A Praça da Bandeira está toda parada, não passa nada. E aí? Perdi alguma coisa?

Hérmia – Tio Teseu quer que Lisandro passe o feriadão no hotel fazenda.

Helena – E vocês aceitaram?

Hérmia – Eu não tinha escolha, eles praticamente exigiram.

Helena – E agora, amiga? Que saia justa, hein. Como vocês vão aguentar?

Hérmia – Já combinei tudo com o Lisandro, vamos nos encontrar ao anoitecer no bosque do Duque e de lá pegar o carro. Vamos para a micareta na cidade vizinha. Quando voltarmos de manhã, estaremos tão cansados que dormiremos até tarde, evitando assim as perguntas de papai e o chato do Demétrio. Fazendo isso, os dias passarão rápido.

Helena – Tem certeza que isso não acabará em confusão?

Hérmia – Vão estar todos ocupados com a despedida de solteiro e o casamento no domingo, não sentirão a nossa falta. Ah, tio Teseu faz questão que você vá.

Lisandro – Helena, nós contamos com a sua discrição e, se possível, colaboração.

Helena – Com toda certeza. Vocês devem saber o que fazem.

Lisandro – Vamos meu amor.

Hérmia – Até mais tarde, Helena.

Hérmia e Lisandro saem.

Helena – Por que a vida é tão complicada? Às vezes parece que quer nos pregar peças. Hérmia gosta do Lisandro que também está a fim dela. Mas Demétrio também gosta de Hérmia. Não seria mais fácil se Demétrio gostasse de mim, que sou apaixonada por ele? Ah, se fosse assim estaria tudo certo. Como eu queria que ele me notasse, me desse atenção. Se pelo menos eu fosse tão bonita quanto Hérmia... Essa vida é muito injusta! E se eu contasse tudo para ele? Ele ficaria agradecido e eu teria um pouco dele para mim. Ele podia perceber como sou legal, interessante e inteligente. Mas será que isso é certo? Hérmia é minha amiga desde criança... Não sei se devo... Porém é a minha única chance de aparecer para o Demétrio. O que fala mais forte o amor ou a amizade? Sem dúvida é o amor. Contarei tudo para Demétrio, ele irá até o bosque, eu o acompanharei e, quem sabe, podemos passar a noite por lá, olhando as estrelas e ouvindo os grilos. Ah, que romântico.







Cena 2
Hotel Fazenda Monte Olimpo. Entram José Cunha, Antonio Justinho, Pedro Fundilho, Carlos Flauta, André Chaleira e Luciano Faminto.


Cunha – Essa minha ideia é ótima, modéstia à parte. Fazer uma encenação para os hóspedes é uma coisa que não se vê por aí em qualquer hotel. Estaremos oferecendo a estrutura de um hotel fazenda e a cultura do teatro. E tudo isso no dia do casamento do Dr. Teseu. Será um grande presente. Em breve terá hotel nos copiando.

Faminto – Eu acho que essa maluquice não vai funcionar, mas desde que você foi nomeado secretário de entretenimento eu espero qualquer coisa. Já trabalhei em 3 hotéis antes e nunca vi esse cargo.

Flauta – Mas se a gente vai se envolver na produção e ensaios da peça, o hotel ficará sem recreadores, vai ser criança solta pra todo lado. Será que isso não vai dar problema? No que a gente está se metendo?

Chaleira – Vocês são muito pessimistas. Cunha, pode contar comigo, ainda mais que o poderoso estará aqui, quem sabe não ganho um aumento pela minha interpretação. Vamos nos dedicar aos ensaios e à produção, vai ser um espetáculo grandioso.

Cunha – É assim que eu gosto, pensamento positivo. Fundilho, lê o que cada um vai ser.

Fundilho – José Cunha será o diretor, eu serei Píramo, Antonio Justinho será Tisbe, Carlos Flauta será o leão, André Chaleira será o luar e Luciano Faminto o muro.

Faminto – Como se faz um muro? Será que vai dar certo? Eu nunca fiz teatro antes e um muro é difícil de interpretar.

Cunha – É só ficar parado.

Justinho – Não tinha uma peça mais fácil? Alguma coisa tipo Chapeuzinho Vermelho?

Chaleira – Mas os adultos não vão querer assistir uma peça de criança. Essa está perfeita, confiem no Cunha, ele sabe o gosto do patrão.

Cunha – Gente, o patrão é grego, ele gosta de tragédia. A nossa peça se chama A triste e melancólica tragédia de Píramo e Tisbe ao anoitecer no Hotel Fazenda Monte Olimpo.

Faminto – Você é um baita de um puxa-saco, Cunha. Ainda me deu um papel ridículo de muro. Estou achando que essa história não vai sair do papel. Coisa que começa complicada, não anda.

Fundilho – Mas afinal, não querem saber do que se trata a peça?

Justinho – Desembucha logo. Mas continuo achando que devíamos fazer teatro infantil, sem muito conflito.

Cunha – É o conflito que mexe com os ânimos! Essa é a história de dois enamorados que moravam próximo, mas só se falavam através de um buraco no muro.

Faminto – Espera aí! Além de ser muro eu vou ter que ter um buraco? Essa não! Estou fora dessa palhaçada.

Chaleira – Mas o muro é o papel mais importante. Precisará de um grande esforço e muita concentração.

Cunha – Sem ele não haverá nenhuma peça.

Faminto – Vocês vão falar isso no dia do espetáculo? Sobre a importância do muro?

Fundilho – Não só falar, como vai estar escrito.

Flauta – E o leão? Também é importante?

Justinho – Mas se for assim eu posso concorrer a um Oscar, não é fácil fazer papel de mulher. Terei que rebolar, fazer trejeitos, vou usar maquiagem e peruca.

Chaleira – Todos os papéis são importantíssimos e não conseguiremos sem a dedicação de vocês. Temos que nos unir para dar tudo certo. A união faz a força e o Dr. Teseu faz hotéis.

Cunha – Isso mesmo, Chaleira esta certo. Se é para fazer, vamos começar logo, ficar discutindo a importância dos papéis não faz a peça ficar pronta. Vamos marcar os ensaios?

Fundilho – Que tal hoje à noite no bosque do Duque? Lá teremos silêncio e sossego.

Cunha – Todos concordam?

Faminto – Fazer o que, não é? Estaremos lá.

Flauta – Esse bosque não é mal assombrado?

Justinho – Por que a gente não faz no salão do hotel?

Fundilho – No salão tem muita gente, é barulhento e além de tudo tem que ser uma surpresa.

Cunha – Fechado! No bosque do Duque ao anoitecer.

Chaleira – Até mais tarde!

Flauta – Até!

Cunha – Sem atrasos e decorem seus papéis. Nos vemos ao anoitecer.

Saem todos.