sábado, 23 de julho de 2011
Como trabalhar com teatro na Educação Infantil
Um dos principais objetivos do teatro na Educação Infantil, é que ele possa ser espontâneo. Nada de textos decorados e repetidos. O aluno é que deve criar suas falas, usando a imaginação.
O primeiro momento é livre, onde eles exploram roupas e acessórios para compor os figurinos. Essa parte dura em média 15 minutos. Conforme eles definem o que usarão, sentam-se, aguardando os colegas.
Quando a maioria está pronta ou o tempo está se esgotando, é lembrado aos demais para concluírem essa etapa. O que sobrou é guardado e, de acordo com o combinado, não se pode pegar mais nada. Isso evita troca de roupas durante o jogo, interrompendo o grupo.
Cada criança conta para os colegas e para a professora “quem é”: nome do seu personagem, o que gosta de fazer e tudo o mais que achar importante. Observa-se que as crianças menores criam os personagens enquanto as maiores criam toda uma situação envolvendo o personagem e as relações que mantêm com os outros, combinadas anteriormente, como a menina de cinco anos que ao responder quem era, disse: “Eu sou a borboletinha que fica atrás da Branca de Neve, da fada, de todas as meninas. Eu cuido da Branca de Neve.”
Após todos se pronunciarem, conto uma história em que aparecem os personagens citados, em diferentes situações, enquanto as crianças dramatizam. Tudo pode ser tema para a história: desenhos feitos pelas crianças, lendas brasileiras, situações vividas na escola ou relatadas pelo grupo.
Em vários momentos elas próprias dão sugestões sobre o que querem fazer. As falas surgem espontaneamente, sendo, em alguns momentos, estimuladas com frases como: “Conte para eles o que aconteceu”; “O que está escrito no mapa?”; “Convide o seu amigo para ir ao castelo com você”; “Diga a todos o que tem para o jantar”.
Ninguém é obrigado a fazer ou falar nada que não queira, podendo a criança participar, sem necessidade de diálogo. O professor deve aceitar as sugestões dadas pelas crianças.
Ao perceber que a história caminha pela iniciativa dos próprios alunos, o professor pode parar de contar e deixar que as coisas se arranjem por si só.
Como não existe público, a formação dos grupos varia, dependendo no número de alunos e dos interesses deles, podendo todos se envolverem na resolução de um problema ou se dividirem naturalmente, cada um com seu interesse específico. Nessa idade nem todos aceitam se submeter à ideia dos colegas, querendo que as suas prevaleçam. Numa situação assim o professor pode deixá-los se dividirem naturalmente e, mais tarde, sugerir momentos em que todos possam estar novamente juntos, criando situações de integração dos sub-grupos.
É comum que as crianças nessa faixa etária comecem como um personagem e de repente se transformem em outro, quando isso ocorre, eles costumam avisar. Outro ponto notado é que eles combinam entre si o que vai acontecer ou as mudanças ocorridas. Como foi observado um menino de cinco anos avisando: “Eu sou o avô de vocês.” Enquanto seu colega de seis anos completava: “Avô, venha cá.”
A história pode seguir caminhos diferentes e é preciso flexibilidade e criatividade por parte do professor, já que o final vai sendo construído à medida em que ela se desenrola.
A aula deve finalizar de forma calma, de modo que todos voltem a se organizar e a se concentrar para a avaliação. Caso o grupo queira envolver o professor na brincadeira, vale a pena participar, tomando cuidado para não cortar a espontaneidade e nem se apropriar de uma brincadeira que é deles.
Retirado da Monografia O jogo dramático na Educação Infantil como base para o trabalho com teatro na escola, de Alessandra Mourão.
Marcadores:
Aula de teatro
Assinar:
Postagens (Atom)